segunda-feira, 14 de maio de 2012

visita à usina de triagem e compostagem do Psul


       
        Para conhecer mais de perto a realidade da cooperativa com quem o trabalho será desenvolvido, foi agendada uma visita à Usina de Triagem e Compostagem do PSul, na Ceilândia, lugar onde os cooperados da CATAGUAR trabalham separando os resíduos recicláveis dos demais.

         A visita foi conduzida pelo Centro de apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da UnB, e visou recolher informações sobre a cooperativa para aprimorar o trabalho do CDT e aproximar as duas partes.

         A responsável pela cooperativa, Dona Graça, é uma senhora de seus 45 anos. Bastante politizada e com plena consciência de seus direitos e deveres, ela gere a cooperativa com firmeza e dedicação visíveis, e recebeu a visita com atenção e cuidado. Após expor vários dos problemas que a cooperativa enfrenta, ela nos mostrou o espaço de trabalho, citou a divisão de tarefas, além de mostrar, com carinho especial, os artesanatos que são desenvolvidos no local pelos próprios cooperados.


       
        O material é feito para venda, mas a prática não rende muito dinheiro à cooperativa. Vez por outra, a CATAGUAR participa de exposições em orgãos públicos, mas nunca com intuito de venda. A produção abrange peças como porta-papel higiênico, bonecas decorativas feitas de PET, filtros de água decorados e bolsas feitas de cartões telefônicos - e para serem feitos, os produtos exigem inclusive a compra de materiais, como linha para crochê, acabamentos para bonecas e tintas. O artesanato é visto pela D. Graça como uma boa forma de aumentar a renda dos cooperados, mas devido à falta de capacitação e a falta de visibilidade, os produtos não possuem alto valor agregado e terminam por decorar o galpão da cooperativa ao invés de gerar melhores meios aos trabalhadores.

        Conhecendo essa situação e sabendo da avidez dos cooperados por capacitação e pela melhora de suas condições de trabalho e de vida, ficou claro que podemos ajudar a melhorar essa situação de várias formas, e que a proposta de trabalho da disciplina de Projeto de Produto 3 pode mudar, e muito, a perspectiva dessas pessoas tão trabalhadoras.
     


   
      Uma semana depois, foi a vez de apresentar a eles o projeto de parceria com a cooperativa. Quando citamos o interesse em desenvolver produtos junto com eles, Dona Graça logo falou de sua vontade de produzir sofás feitos de pneus, como os expostos na sede do lixão. Na primeira visita pudemos ver o quanto os pneus abandonados são um problema para a cooperativa. Eles se empilham aos montes na área descoberta do galpão, e são o ambiente ideal para proliferação de bichos e doenças, como a dengue. Tendo em vista o problema dos pneus, e conhecendo os materiais mais descartados no lixão, surgiu a ideia de se desenvolver paralelamente dois produtos.

     O primeiro dos produtos a ser desenvolvido seria uma luminária - a princípio pendente - feita de garrafas e potes de vidro. O material é extremamente abundante no centro de descartes, e tem aparência mais elegante que a maioria dos resíduos - o vidro não amassa e é fácil de ser limpado pelos cooperados. Para o desenvolvimento do produto, cabos e lâmpadas devem ser comprados, o que não trará grandes problemas à cooperativa, uma vez que os materiais para produção do artesanato já são comprados. A diferença nesse caso, é que o produto feito teria alto valor agregado e de venda, o que tornaria o processo de montagem sustentável: com o dinheiro da venda pode-se comprar os fios e acabamentos para a luminária.

     O segundo produto a ser desenvolvido, seria um pufe ou sofá feito de pneu. Além de resolver um problema grave da cooperativa os pneus tem estabilidade, durabilidade e resistência, o que o torna um material ideal para sustentar pessoas. Sua aparência grotesca pode ser escondida com um revestimento que dê ao produto aparência elegante, e com isso, o valor do produto final pode ser mais alto.

     Apresentadas as possibilidades e as fotos encontradas durante a pesquisa, os cooperados ficaram bastante animados com o projeto, e também começaram a dar outras sugestões baseadas no seu conhecimento dos materiais e na sua vivência. A parceria entre a disciplina e a cooperativa estava começando.

     Os próximos passos envolvem agora, definir melhor os produtos a serem desenvolvidos, suas características formais e de estilo, o público a quem deve se destinar, e finalmente os requisitos do projeto. Depois dessas etapas, será possível, junto com a cooperativa, desenvolver soluções que se adequem a eles e ao projeto, e teremos como resultado um produto sustentável, social e ambientalmente correto, bem como discplina de Projeto de Produto 3 propõe.

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